Brasil de volta ao mapa da fome


Fome Volta no Brasil

Fome volta a se alastrar no Brasil

Dados do IBGE apontam que quatro em cada dez famílias brasileiras vivem em insegurança alimentar – um índice que vinha melhorando desde 2004, e agora piorou. Fome grave atinge 10,3 milhões de pessoas no país.

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Após seguidos recuos por mais de uma década, a fome voltou a crescer no Brasil. Segundo dados do IBGE divulgados nesta quinta-feira (17/09), o percentual de domicílios que gozam de segurança alimentar caiu para 63,3% em pesquisa realizada entre 2017 e 2018, contra 77,4% em 2013 e 65,1% em 2004.

Os dados apontam que quase quatro em cada dez domicílios sofrem com algum grau de insegurança alimentar, sendo que 4,6% do total vive sob escassez grave. É uma situação que atinge 10,3 milhões de pessoas: 7,7 milhões na área urbana e 2,6 milhões na rural. Em relação aos dados de 2013, o número de pessoas nesse estado aumentou em cerca de 3 milhões, um crescimento de 43,7%.

A “Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil” contempla apenas moradores de domicílios permanentes, excluindo pessoas em situação de rua – o que sugere que o quadro pode ser ainda pior.

Segundo o IBGE, na população de 207,1 milhões de habitantes em 2017-2018, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões viviam com algum grau de insegurança alimentar. Destes últimos, 56 milhões estavam em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões, insegurança alimentar moderada, e 10,3 milhões de pessoas em domicílios com insegurança alimentar grave.

De acordo com a Escala Brasileira de Medida Direta e Domiciliar da Insegurança Alimentar, a segurança alimentar está garantida quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.

Na insegurança alimentar grave, há redução quantitativa severa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

Segundo o gerente da pesquisa, André Martins, o aumento da insegurança alimentar está relacionado, entre outros motivos, à desaceleração da atividade econômica nos anos de 2017 e 2018.

Menos da metade dos domicílios do Norte (43%) e Nordeste (49,7%) tinham segurança alimentar, isto é, acesso pleno e regular aos alimentos. Os percentuais eram melhores no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%). A prevalência de insegurança alimentar grave do Norte (10,2%) era cerca de cinco vezes maior que a do Sul (2,2%).

A pesquisa ainda mostrou que quase metade das pessoas que enfrentam a fome vive na Região Nordeste do país, e pouco mais da metade dos domicílios onde prevalece a insegurança alimentar grave são chefiados por mulheres.

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Não é por coincidência que em 2017, ano seguindo ao Golpe parlamentar que derrubou a Presidenta Dilma Roussef à desaceleração da atividade econômica até os dias atuais, lançou o Brasil de volta ao terrível cenário onde milhões de brasileiros não sabem quando irão comer a próxima refeição. Mas nem sempre foi assim.

Em 2104 o Brasil conseguiu superar esse imenso obstáculo que nos envergonhava mundialmente, leia na matéria abaixo, como se deu essa conquista.

Relatório indica que Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014

Ministra do Desenvolvimento Social analisa dados das Nações Unidas, que tiraram o País do Mapa da Fome no mundo. De 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação.

A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, avaliou os dados das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que indicaram a redução da fome no Brasil.

Com os novos números do relatório da instituição, o Brasil saiu do Mapa Mundial da Fome em 2014. De 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação. A redução estava incluída entre os Objetivos do Milênio da ONU e faz com que a FAO indique o País como exemplo a ser seguido no tema.

O relatório também mostra que o Indicador de Prevalência de Subalimentação, medida empregada pela FAO há 50 anos para dimensionar e acompanhar a fome em nível internacional, atingiu no Brasil nível menor que 5%, abaixo do qual a organização considera que um país superou o problema da fome.

Série de fatores

Em sua fala, a ministra Tereza Campello comemorou a saída do País do mapa da fome e destacou que um dos motivos principais para conseguir bons resultados no combate ao tema é colocá-lo como prioridade.

“Para um País conseguir combater à fome tem que colocar o pobre no centro da meta e transformar aquilo em prioridade. Se não assumir que combater a fome é essencial, não vai acabar”. Para Campello, o trabalho não foi um fenômeno isolado de uma ação, mas sim um conjunto de iniciativas convergentes. “Para que resultados como esses aconteçam, tivemos que articular vários setores. Não é um programa ou outro que consegue sozinho. São vários fatores que, juntos, colaboram com o resultado”, disse.

Segundo a FAO, alguns fatores principais foram decisivos para os resultados:

  1. Aumento da oferta de alimentos: em 10 anos, a disponibilidade de calorias para a população cresceu 10%;

  2. Aumento da renda dos mais pobres com o crescimento real de 71,5% do salário mínimo e geração de 21 milhões de empregos;

  3. Programa do Governo Federal de Acesso à Renda;

  4. 43 milhões de crianças e jovens com refeições;

  5. Governança, transparência e participação da sociedade, com a recriação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).

Além dos citados, o crescimento da renda da parcela mais pobre da população brasileira também foi essencial. Entre 2001 e 2012, a renda dos 20% mais pobres cresceu três vezes mais do que a renda dos 20% mais ricos.

Acesso à alimentação

Segundo Campello, com base nos dados, “chegamos a um percentual de 1,7% de subalimentados no Brasil. Isso significa que 98,3% da população brasileira tem acesso a alimentos e tem segurança alimentar”, destaca. “É uma grande vitória”. De 2002 a 2013, caiu em 82% a população de brasileiros considerados em situação de subalimentação.

A oferta de alimentos também cresceu. Dados da FAO mostram o aumento de 10% da oferta de calorias no País em 10 anos. A contabilidade considera a oferta de alimentos produzidos no Brasil, já descontadas as exportações e consideradas as importações. Em média, a disponibilidade diária de calorias passou de 2.900 para 3.190, entre 2002 e 2013.

Esforço continua

Ainda no local, a ministra fez questão de ressaltar que, embora os resultados sejam bons, o trabalho continua, agora para dar atenção diferenciada visando resolver as situações restantes.

“Chegar a esses números não acaba o trabalho. Pelo contrário, tendo construído políticas para isso, temos que localizar populações específicas com problemas e que ainda não se encontram com segurança alimentar. Nossa lupa tem que ser maior e o trabalho mais específico. Temos agora um novo patamar”, diz.

O relatório completo pode ser acompanhado no próprio site da FAO.

Fonte:

Portal Brasil, com informações do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

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